Os drones de guerra, ou veículos aéreos não tripulados (VANTs), transformaram a maneira como os conflitos armados são conduzidos. Essas máquinas, controladas remotamente ou equipadas com sistemas autônomos, oferecem precisão, redução de riscos humanos e custos operacionais mais baixos em comparação com aeronaves tradicionais.
Em 2025, os drones continuam a desempenhar um papel central em guerras, como nos recentes casos de Israel e Ucrânia. Conheça agora funcionamento dos drones de guerra, suas tecnologias, aplicações e os impactos estratégicos, com foco nos eventos mais recentes.
O que são Drones de Guerra?
Drones de guerra são aeronaves não tripuladas projetadas para missões militares, como vigilância, reconhecimento, ataques precisos e até operações kamikaze. Eles variam em tamanho, desde pequenos dispositivos portáteis até grandes modelos com envergadura semelhante à de aviões. Sua principal vantagem é a capacidade de operar sem pilotos a bordo, reduzindo o risco de perdas humanas e permitindo missões em ambientes hostis.
Os drones são classificados em diferentes categorias com base em sua função e tamanho:
- Drones de reconhecimento: Equipados com câmeras e sensores para coletar inteligência em tempo real.
- Drones de ataque: Armados com mísseis ou bombas para atingir alvos específicos.
- Drones kamikaze: Projetados para colidir com o alvo, carregando explosivos.
- Drones de suporte logístico: Usados para transporte de suprimentos em zonas de conflito.
Como Funcionam os Drones de Guerra?
O funcionamento de um drone de guerra envolve uma combinação de hardware avançado, software sofisticado e comunicação em tempo real. Aqui estão os principais componentes e tecnologias:
1. Estrutura e Propulsão
Os drones são construídos com materiais leves, como fibra de carbono, para maximizar a autonomia e a carga útil. Eles podem ser propulsionados por motores elétricos (em modelos menores) ou a combustão (em drones maiores, como o Heron TP de Israel). Alguns modelos, como os drones kamikaze Shahed-136 do Irã, são projetados para voos de longa distância, com autonomia de até 2.500 km.

2. Sensores e Câmeras
Os drones são equipados com sensores de alta tecnologia, incluindo câmeras de alta resolução, infravermelho, radar e LIDAR. Esses sistemas permitem operações diurnas e noturnas, além de identificação precisa de alvos. Por exemplo, na Operação Spider da Ucrânia, drones usaram inteligência artificial para localizar e atacar partes sensíveis de aviões russos, como tanques de combustível.
LIDAR (Light Detection and Ranging) é uma tecnologia de sensoriamento remoto que utiliza pulsos de laser para medir distâncias e criar mapas tridimensionais de alta precisão do ambiente. Funciona emitindo feixes de laser que refletem em objetos e retornam ao sensor, permitindo calcular a distância com base no tempo de retorno e na velocidade da luz.
Em drones de guerra, o LIDAR é usado para navegação, mapeamento de terreno, detecção de obstáculos e identificação de alvos, mesmo em condições de baixa visibilidade, como névoa ou escuridão. Sua precisão o torna ideal para missões de reconhecimento e ataques cirúrgicos.
3. Sistemas de Comunicação
A comunicação é essencial para o controle dos drones. A maioria utiliza links de satélite ou ondas de rádio para transmitir dados em tempo real aos operadores. Recentemente, drones russos foram encontrados utilizando bots do Telegram para programação e ajustes, demonstrando a adaptação de ferramentas civis para fins militares. Drones com cabos de fibra óptica, como os usados pela Rússia na Ucrânia, oferecem resistência a interferências eletrônicas, mas são limitados por sua velocidade e mobilidade.
4. Inteligência Artificial e Autonomia
A inteligência artificial (IA) está revolucionando os drones de guerra. Algoritmos de IA permitem que os drones identifiquem alvos, evitem obstáculos e tomem decisões em tempo real. Na Ucrânia, drones equipados com IA foram usados para atacar bases aéreas russas a milhares de quilômetros da fronteira, demonstrando precisão e autonomia.
5. Armamentos
Drones de ataque carregam mísseis, bombas guiadas ou explosivos. O custo-benefício é um fator crucial: enquanto um míssil Patriot custa cerca de US$ 4 milhões, um drone kamikaze pode custar menos de US$ 1.000, como os usados pela Ucrânia contra a Rússia.

Casos Recentes de Uso de Drones em 2025
Em 2025, os drones de guerra foram amplamente utilizados em dois conflitos de destaque: Israel contra o Irã e Ucrânia contra a Rússia. Esses casos ilustram a evolução das táticas militares e os desafios éticos e estratégicos associados.
Israel contra o Irã
O conflito entre Israel e Irã intensificou-se em 2025, com drones desempenhando um papel crucial em operações ofensivas e defensivas. Israel, líder no desenvolvimento de drones, utiliza modelos como o Heron TP, equipado para vigilância e ataques precisos. Em um ataque recente, Israel empregou drones contrabandeados para dentro do território iraniano, lançados de locais próximos a alvos estratégicos. Essa tática, semelhante à usada pela Ucrânia, envolveu o uso de drones camuflados em caminhões, que foram ativados remotamente para atacar instalações militares.

O Irã, por sua vez, respondeu com drones kamikaze Shahed-136, capazes de transportar 50 kg de explosivos a longas distâncias. Em abril de 2024, o Irã lançou mais de 300 drones e mísseis contra Israel, em retaliação a um ataque à sua embaixada na Síria. Embora a maioria tenha sido interceptada pelo sistema de defesa israelense, o custo da defesa foi estimado em US$ 1,35 bilhão, destacando a assimetria econômica entre atacar e defender. Em 2025, o Irã continuou a aprimorar seus drones, utilizando táticas de sombreamento aprendidas com a Rússia na Ucrânia, o que aumenta sua capacidade de evasão.
A superioridade tecnológica de Israel, incluindo sistemas de interferência (jamming) e o Domo de Ferro, permitiu neutralizar muitos drones iranianos. No entanto, a incapacidade do sistema de defesa iraniano de detectar drones israelenses lançados localmente expôs vulnerabilidades em sua defesa aérea, que supostamente possui uma “perspectiva de 360 graus”.
Ucrânia contra a Rússia
A Ucrânia emergiu como um centro de inovação em drones durante seu conflito com a Rússia. Em 1º de junho de 2025, a Operação Spider marcou um ponto de inflexão na guerra moderna. A Ucrânia utilizou cerca de 120 drones baratos, custando entre US$ 600 e US$ 1.000 cada, para atacar quatro bases aéreas russas, danificando ou destruindo 41 bombardeiros estratégicos, incluindo os Tu-95.
Esses drones foram contrabandeados em caminhões e lançados de pontos próximos às bases, percorrendo curtas distâncias para maximizar a precisão. A operação, planejada por um ano e meio, causou prejuízos estimados em US$ 7 bilhões à Rússia.
Os drones ucranianos, muitos produzidos localmente, utilizam IA para identificar alvos e atacar componentes críticos, como cabines de comando. A Ucrânia também desenvolveu drones marítimos, que desativaram parte da frota russa no Mar Negro, e drones com cabos de fibra óptica, que oferecem resistência a interferências, mas são mais lentos. A produção anual ucraniana de 2 milhões de drones reflete sua aposta na tecnologia para compensar a inferioridade numérica em relação à Rússia.
A Rússia, por outro lado, intensificou o uso de drones Shahed-136 fornecidos pelo Irã, lançando 6.100 unidades contra a Ucrânia em 2024. Em maio de 2025, um ataque massivo envolveu 298 drones e 69 mísseis em um único dia, causando 14 mortes e 70 feridos. A Rússia também avançou no uso de drones de fibra óptica, que permitem ataques precisos em ambientes urbanos, tornando o transporte de soldados mais perigoso que a linha de frente.
Impactos Estratégicos e Éticos
Os drones de guerra oferecem vantagens estratégicas, mas também levantam questões éticas e legais. Sua acessibilidade permite que nações e grupos armados com recursos limitados desafiem potências militares, como visto na Ucrânia e no Irã. No entanto, a proliferação de drones kamikaze e o uso de IA em conflitos aumentam o risco de escalada descontrolada, já que máquinas podem tomar decisões sem supervisão humana suficiente.
Vantagens Estratégicas
- Custo-benefício: Drones baratos podem causar danos desproporcionais, como na Operação Spider.
- Flexibilidade: Podem ser usados em missões de alto risco sem perdas humanas.
- Precisão: A IA e sensores avançados permitem ataques cirúrgicos.
Desafios Éticos e Legais
- Falta de regulamentação: O uso de drones em “zonas cinzentas” legais dificulta a responsabilização por ataques a civis.
- Risco de autonomia excessiva: Drones guiados por IA podem interpretar mal alvos, aumentando o risco de erros.
- Proliferação: A facilidade de produção e contrabando de drones, como visto em Israel e na Ucrânia, amplia o acesso a grupos não estatais.
O Futuro dos Drones de Guerra
A evolução dos drones de guerra está acelerada. Em 2025, a integração de enxames de drones, que operam em conjunto para sobrecarregar defesas, é uma tendência crescente. A China, por exemplo, tem investido em tecnologias de enxames, enquanto a Ucrânia planeja parcerias com empresas americanas para aprimorar seus drones autônomos. Além disso, a contra-drone tecnologia, como sistemas de jamming e lasers, está se desenvolvendo rapidamente para neutralizar essas ameaças.
Os drones de guerra redefiniram os conflitos modernos, combinando tecnologia acessível com impacto estratégico. Os casos de 2025 ilustram como essas máquinas podem alterar o curso de uma guerra, seja por meio de ataques surpresa ou operações de longo alcance. No entanto, seu uso levanta questões éticas urgentes, especialmente com a crescente autonomia proporcionada pela IA.
O futuro das guerras dependerá de como nações e organizações internacionais gerenciam essa tecnologia poderosa, garantindo que ela seja usada de forma responsável em um mundo cada vez mais instável.