A Força Aérea Brasileira entrou em uma nova fase da sua história operacional ao concluir, com sucesso, a primeira bateria de disparos reais do míssil ar-ar METEOR a partir dos caças Saab Gripen E. O ensaio, que vinha sendo preparado há meses em conjunto com engenheiros suecos e equipes de certificação da própria FAB, confirmou a plena integração entre a aeronave e o armamento — um marco que posiciona o Brasil entre as poucas nações capazes de empregar um dos vetores de defesa aérea mais avançados do mundo.
O METEOR é considerado referência global em combate aéreo de longo alcance. Projetado pelo consórcio europeu MBDA, ele se destaca pela combinação de alcance estendido, guiagem ativa por radar e motor foguete com tecnologia ramjet, permitindo aceleração sustentada até o momento do impacto.
Em termos práticos, isso significa que o míssil mantém energia elevada mesmo em distâncias superiores a 100 km, aumentando drasticamente a probabilidade de acerto e reduzindo as chances de evasão do alvo.
A validação do sistema no Brasil envolveu uma série de etapas: testes de comunicação entre aeronave e míssil, simulações táticas, ensaios de voo com cargas inertes e, finalmente, o disparo real contra alvos designados. Segundo fontes técnicas, o desempenho superou as expectativas de precisão e estabilidade. O sucesso consolida a capacidade do Gripen E — já reconhecido como uma plataforma multimissão versátil — de atuar como núcleo da defesa aérea nacional pelas próximas décadas.
Do ponto de vista estratégico, a incorporação do METEOR representa um salto em dissuasão. A FAB passa a dispor de um armamento cuja simples existência altera o cálculo de qualquer agressor em potencial. Em cenários modernos de combate aéreo, vence quem enxerga e atinge primeiro, e o conjunto radar AESA do Gripen + METEOR proporciona exatamente essa vantagem: identificação antecipada, engajamento a grandes distâncias e neutralização antes que o inimigo possa reagir.
O impacto também é significativo no ambiente regional. A América do Sul historicamente opera aeronaves e munições de gerações anteriores, e o Brasil se destaca ao adotar tecnologia equivalente à das principais potências da OTAN. Isso fortalece o papel brasileiro como referência de segurança continental e como ator relevante em missões de defesa cooperativa, caso sejam demandadas em organismos internacionais.
Outro ponto crucial é o amadurecimento da parceria tecnológica Brasil-Suécia. O programa Gripen envolve transferência de conhecimento, participação de engenheiros brasileiros no desenvolvimento e capacitação industrial em empresas como a AEL Sistemas e a Embraer. A integração do METEOR, embora seja um sistema europeu, reforça o ecossistema tecnológico que se forma em torno da aeronave, abrindo espaço para novos armamentos, sensores e doutrinas de emprego.
Nos próximos meses, a FAB continuará realizando ensaios avançados para consolidar a doutrina de uso do míssil — incluindo simulações de interceptação em cenários de múltiplas ameaças, treinamento de pilotos para combate além do alcance visual (BVR) e exercícios combinados com radares terrestres.
A tendência é que o METEOR se torne peça central da defesa aérea brasileira, garantindo ao país uma capacidade de resposta moderna, precisa e alinhada às exigências do cenário estratégico global do século XXI.

