O Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento (EAS), mais conhecido como Para-SAR, é uma das unidades mais respeitadas e especializadas da Força Aérea Brasileira (FAB). Reconhecido por sua coragem, preparo técnico e agilidade em situações de alto risco, o Para-SAR é responsável por operações de busca e salvamento, resgate em áreas inóspitas, apoio a desastres naturais e ações humanitárias, além de missões de combate.
Este artigo analisa a história, estrutura, treinamentos, funções e como ingressar nessa tropa de elite do Brasil.
O que é o Para-SAR?
O Para-SAR é um esquadrão de tropas especiais da FAB, subordinado ao Comando de Operações Especiais (COPESP). Sua principal missão é o resgate de sobreviventes de acidentes aéreos e o apoio a qualquer operação que exija alta capacitação técnica, resistência física e capacidade de operar em ambientes extremos.
Além de atuar em território nacional, o esquadrão também representa o Brasil em missões internacionais, reforçando o compromisso do país com ações de ajuda humanitária e de cooperação em cenários de crise.
Significado da sigla
PARA – vem de paraquedista, indicando que os integrantes da unidade são treinados para inserção aérea via paraquedas, podendo atuar em qualquer tipo de terreno, inclusive os mais inóspitos.
SAR – é a sigla em inglês para Search and Rescue, que significa Busca e Salvamento.
Portanto, PARA-SAR significa: Paraquedistas de Busca e Salvamento
Ou seja, trata-se de uma tropa altamente treinada para chegar por via aérea em locais de difícil acesso e realizar missões de resgate e salvamento, seja em acidentes aéreos, desastres naturais, zonas de combate ou qualquer outro ambiente extremo.
Origem e História
A origem do Para-SAR remonta a 1963, com a formação das primeiras equipes de paraquedistas da Força Aérea Brasileira. Inspirado em unidades internacionais, como os pararescuemen da Força Aérea dos Estados Unidos, o esquadrão ganhou corpo e identidade própria ao longo das décadas.
Em 1973, foi formalmente criado como Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento, com sede no Rio de Janeiro. Com o tempo, o grupo foi transferido para Campo Grande (MS), onde permanece até hoje. Desde então, o Para-SAR vem acumulando uma trajetória marcada por heroísmo, profissionalismo e elevado grau de especialização.
Missões e Atuação
As missões do Para-SAR são altamente diversificadas. Algumas das principais incluem:
- Busca e salvamento (SAR) de vítimas de acidentes aéreos em qualquer tipo de terreno ou condição climática.
- Resgate aeromédico e evacuação de feridos em zonas de guerra ou áreas de difícil acesso.
- Resgate de reféns e operações antiterrorismo.
- Apoio a operações militares de outras Forças Armadas ou de forças de segurança pública.
- Ajuda humanitária, especialmente em catástrofes naturais como enchentes, terremotos e incêndios florestais.
Essas ações exigem um grau extremo de preparo e versatilidade, com operadores treinados para atuar em selvas, montanhas, áreas urbanas, mar e deserto.
O Treinamento: uma Jornada de Superação
Para fazer parte do Para-SAR, é preciso passar por um dos treinamentos mais rigorosos das Forças Armadas brasileiras. O curso é conhecido como Curso de Formação de Paraquedista de Resgate, e é realizado no Esquadrão em Campo Grande.
Durante a formação, os candidatos enfrentam provas físicas e psicológicas intensas, com treinamentos em:
- Paraquedismo militar
- Sobrevivência na selva, no mar e no deserto
- Técnicas de resgate em altura
- Mergulho de combate
- Combate em ambiente confinado (CQB)
- Primeiros socorros e suporte básico de vida
- Resgate aeromédico e evacuação tática
A rotina é exaustiva. Os alunos são constantemente testados em resistência, controle emocional, raciocínio sob estresse e capacidade de trabalhar em equipe. Somente os mais preparados concluem o curso e recebem o distintivo de Para-SAR.
Equipamentos e Tecnologia
A atuação do Para-SAR exige equipamentos de última geração. Além dos equipamentos individuais (como uniformes de voo, capacetes balísticos, mochilas de resgate e armas táticas), o esquadrão conta com:
- Helicópteros de resgate como H-60 Black Hawk e H-36 Caracal.
- Aeronaves de transporte como o C-105 Amazonas.
- Equipamentos de comunicação criptografada.
- Sistemas de navegação por GPS militar.
- Kits de resgate aéreo e terrestre, como macas dobráveis, cordas especiais e botes infláveis.
Essa combinação de tecnologia e preparo humano permite que o Para-SAR atue com eficiência e rapidez em qualquer cenário.
Como Ingressar no Para-SAR
Para se tornar um operador do Para-SAR, o caminho começa dentro da própria Força Aérea Brasileira. O candidato deve:
- Ingressar na FAB, seja por meio da Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR), da Academia da Força Aérea (AFA), ou como militar de carreira. Saiba mais neste artigo.
- Atuar em alguma área operacional ou de apoio, como mecânico, enfermeiro, operador de voo, entre outros.
- Se candidatar ao Curso de Formação de Paraquedista de Resgate, atendendo aos critérios físicos, psicológicos e de desempenho exigidos.
- Concluir o curso com êxito e receber o brevê do Para-SAR.
É um processo longo e exigente, mas que oferece reconhecimento, respeito e a oportunidade de servir em uma das unidades mais prestigiadas das Forças Armadas.
Reconhecimento Nacional e Internacional
O Para-SAR já foi condecorado diversas vezes por sua atuação em grandes desastres, como o resgate de vítimas em enchentes no Brasil, apoio a operações de segurança durante grandes eventos (como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos), e missões conjuntas com outras forças internacionais.
Sua reputação ultrapassa fronteiras, e muitos países já enviaram observadores e militares para acompanhar os treinamentos da tropa brasileira.
Significado do Brasão Para-SAR
O brasão do Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento (EAS) – Para-SAR é rico em simbolismo, refletindo a missão, valores e características dessa tropa de elite da Força Aérea Brasileira. Aqui está o significado dos principais elementos:

Paraquedas Laranja
O paraquedas aberto representa a capacidade aeroterrestre da tropa. Simboliza a principal forma de inserção da unidade em áreas de difícil acesso, destacando sua habilidade em chegar rapidamente a locais remotos para realizar missões de salvamento.
Asa Estilizada (Fênix)
A ave estilizada em amarelo dourado com forma semelhante a uma fênix representa o renascimento, a vida e a superação, remetendo diretamente ao lema da tropa: “Para que outros possam viver”. Também remete à leveza, agilidade e prontidão dos operadores.
Faca de Selva Preta
A faca de combate (geralmente chamada de faca de selva) simboliza a autossuficiência, o combate e a sobrevivência em ambientes hostis, reforçando o caráter de tropa especial com treinamento extremo em selva, deserto, montanha, mar e áreas urbanas.
Fundo Azul
Representa o domínio do ar, remetendo diretamente à Força Aérea Brasileira, à qual o esquadrão pertence. Também remete à serenidade, paz e ao profissionalismo dos operadores em meio ao caos das operações.
Contorno Amarelo
O contorno vibrante dá destaque ao escudo e pode simbolizar a atenção constante, vigilância e prontidão. O amarelo, além disso, é uma cor associada à vida, um conceito central na missão de salvamento do Para-SAR.
Nome “PARA-SAR” em Vermelho
O nome da unidade está em vermelho vivo, simbolizando determinação, coragem e urgência — características fundamentais em operações críticas de resgate, nas quais cada segundo conta.
Emblema Alado com Espada no Canto Superior Esquerdo
Esse símbolo representa a Força Aérea Brasileira, com a espada simbolizando a defesa e as asas o domínio do espaço aéreo. É um selo de pertencimento institucional ao alto comando da FAB.
Lema e Valores do Esquadrão Para-SAR
O lema do Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento – “Para que outros possam viver” – é mais do que uma frase de impacto: é o coração da missão da tropa. Essa expressão traduz o espírito de abnegação, coragem e sacrifício que move cada operador do Para-SAR, que está sempre pronto para arriscar a própria vida em prol da salvação de outras.
O lema tem origem no inglês “That Others May Live”, utilizado pela unidade de resgate da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), conhecida como Pararescue. Essa tropa inspirou diretamente a criação do Para-SAR no Brasil, tanto nos seus métodos quanto nos princípios morais.
Ao adotar o lema em português, a Força Aérea Brasileira incorporou ao contexto nacional o mesmo ideal de solidariedade extrema e missão humanitária. Em cada operação, seja em resgates de acidentes aéreos, apoio a comunidades isoladas ou desastres naturais, o lema se concretiza na prática.
Essa frase sintetiza o espírito de abnegação, coragem e comprometimento que move cada operador. Os valores cultivados no esquadrão incluem:
- Disciplina
- Lealdade
- Companheirismo
- Excelência técnica
- Espírito de sacrifício
“Para que outros possam viver” significa colocar a vida do próximo acima da própria. É uma promessa silenciosa que cada membro da unidade carrega consigo ao saltar de um avião, entrar numa zona de risco ou permanecer dias na selva em busca de sobreviventes. É um compromisso com a vida, mesmo quando o cenário é de morte.
Tabela Comparativa – Para-SAR (Brasil) vs. USAF Pararescue (EUA)
Aspecto | Para-SAR (Brasil) | USAF Pararescue – PJ (EUA) |
---|---|---|
Nome Oficial | Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento (EAS) | United States Air Force Pararescue (AFSC 1T2X1) |
Lema | “Para que outros possam viver” | “That Others May Live” |
País | Brasil | Estados Unidos |
Força Militar | Força Aérea Brasileira (FAB) | United States Air Force (USAF) |
Ano de Criação | 1973 | 1946 (origem) / 1966 (padronização moderna) |
Local da Sede Principal | Campo Grande (MS) – Ala 5 | Kirtland Air Force Base, Novo México (centro de treinamento) |
Tipo de Unidade | Tropa de elite de busca e salvamento (com capacidade de combate) | Special Operations Command – Tropa de elite para busca, salvamento e combate |
Inserção | Aérea (paraquedas), terrestre, anfíbia | Aérea (HALO/HAHO), terrestre, marítima (via SEALs/Naval support) |
Treinamento | Curso de Formação de Paraquedista de Resgate (FAB) | Pararescue Indoctrination Course + Special Warfare Pipeline |
Duração do Treinamento | 6 a 12 meses (intensivo) + especializações | Até 2 anos de treinamento (um dos mais longos da USAF) |
Especializações | Sobrevivência, primeiros socorros, paraquedismo, selva, CQB, resgate aeromédico | MTC, PHTLS, HALO, SCUBA, combate, evacuação médica, sobrevivência |
Equipamentos Padrão | Faca de selva, armamento leve, mochilas de resgate, rádio, kits médicos, helicópteros H-60 | Armamento leve/pesado, equipamento SCUBA, rádio tático, NVG, helicópteros HH-60 Pave Hawk |
Distintivo / Insígnia | Brasão com paraquedas, fênix e faca | “Pararescue Jumpers Badge” com asas e bastão de resgate |
Missões Típicas | Resgate de vítimas de acidentes aéreos, apoio a calamidades, evacuação tática | Resgate de pilotos abatidos, operações especiais, evacuação médica em combate |
Atuação Internacional | Sim – Missões de ajuda humanitária e resgate no Haiti, Moçambique, Chile etc. | Sim – Global, com forte presença em zonas de guerra (Afeganistão, Iraque, etc.) |
Reconhecimento Nacional | Alta – Considerada tropa de elite da FAB | Alta – Parte das Special Operations Forces (SOF) dos EUA |
Capacidade de Combate | Sim – treinados para combate, CQB e resgate sob fogo | Sim – combat medics treinados para combate e resgate em zonas hostis |
Treinamento Médico | Primeiros socorros, suporte básico de vida | Pararescue EMT-P (Emergency Medical Technician – Paramedic nível militar) |
Símbolo Central do Lema | Espírito de sacrifício para salvar vidas | Espírito de sacrifício para salvar vidas |
Integração com outras forças | Sim – atua com Exército, Marinha e bombeiros | Sim – atua com Navy SEALs, Army Special Forces, e outras agências |
Número estimado de integrantes | Não divulgado (dados sensíveis) | Aproximadamente 500-700 ativos |
Salário Estimado | R$ 8.000 a R$ 12.000/mês (com gratificações e tempo de serviço) | US$ 60.000 a US$ 110.000/ano (aprox. US$ 5.000 a US$ 9.000/mês com benefícios) |
Curiosidades
- O esquadrão possui uma unidade de cães de resgate, treinados para atuar em busca de desaparecidos.
- Os operadores são chamados de “anjos” por muitas vítimas resgatadas, pela forma com que chegam dos céus em momentos de desespero.
- Alguns operadores já participaram de missões no exterior, como o resgate de brasileiros durante o terremoto no Haiti, em 2010.
O Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento (Para-SAR) é uma das maiores expressões de coragem e preparo técnico das Forças Armadas do Brasil. Mais do que uma unidade militar, o Para-SAR representa o espírito de solidariedade e a prontidão para salvar vidas onde quer que estejam. Seja em selvas remotas, em cidades devastadas por desastres ou em zonas de guerra, seus operadores estão sempre prontos.
Se você admira a bravura, o profissionalismo e o espírito de missão, o Para-SAR é um exemplo a ser seguido.