O Grupamento de Policiamento de Intervenção (GPI), também conhecido como Grupo de Pronta Intervenção, é uma unidade especializada da Polícia Federal do Brasil, projetada para atuar em situações de alto risco e emergências que demandam resposta rápida, precisão e treinamento tático avançado.
Criado em 2007, inspirado nas equipes SWAT do FBI, o GPI representa a vanguarda da Polícia Federal em operações táticas de médio e alto risco, complementando o trabalho do Comando de Operações Táticas (COT), a principal força de elite da instituição.
Origem e Contexto Histórico
O GPI foi idealizado para atender à crescente necessidade de respostas rápidas e eficazes a crimes complexos em âmbito local, especialmente diante do aumento da criminalidade organizada no Brasil. A primeira unidade foi criada em abril de 2008, em São Paulo, com o objetivo de fortalecer a atuação da Polícia Federal nos estados, oferecendo uma alternativa operacional que não dependesse exclusivamente do COT, sediado em Brasília e voltado para missões de alto risco em nível nacional.
Inspirado nas equipes SWAT do FBI, o GPI foi estruturado para atuar em situações que exigem treinamento especializado, equipamentos de ponta e uma abordagem tática precisa, como prisões de criminosos perigosos, ações em comunidades de alto risco, controle de distúrbios em manifestações e retomada de edificações. Hoje, o GPI está presente na maioria dos estados brasileiros, subordinado às Superintendências Regionais da Polícia Federal, garantindo maior agilidade na resposta a crises locais.
O brasão do GPI é um símbolo que reflete sua identidade, missão e valores. Com um design circular e predominantemente preto e branco, o emblema incorpora elementos que representam a força, a prontidão e a autoridade da unidade.

Processo de Seleção e Formação
Ingressar no GPI é um desafio que exige dedicação, preparo físico, mental e técnico. O processo de seleção é voluntário, mas extremamente rigoroso, garantindo que apenas os melhores candidatos sejam selecionados.
Para se tornar um integrante do GPI, o candidato já deve ser um policial federal ativo, ou seja, ter sido aprovado em concurso público para um dos cargos da carreira policial (Agente, Escrivão, Papiloscopista, Delegado ou Perito Criminal). Abaixo, detalhamos os requisitos e o passo a passo para ingressar no GPI.
Requisitos para Ingressar no GPI
Para se candidatar ao GPI, o policial federal deve atender aos seguintes requisitos:
- Ser Policial Federal Ativo: O candidato deve estar lotado em um dos cargos da carreira policial da Polícia Federal (Agente, Escrivão, Papiloscopista, Delegado ou Perito Criminal).
- Nível Superior Completo: Todos os cargos da Polícia Federal exigem diploma de graduação em instituição reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC). Para Agente, Escrivão e Papiloscopista, qualquer área de formação é aceita; para Delegado, é necessário Bacharelado em Direito com três anos de atividade jurídica ou policial; para Perito Criminal, formações específicas como Engenharia, Ciências Contábeis, Ciências da Computação, entre outras, são exigidas, dependendo da área.
- Idade e Aposentadoria: Não há idade máxima específica para ingressar no GPI, mas o candidato deve respeitar o limite de aposentadoria compulsória aos 65 anos, conforme legislação brasileira.
- Aptidão Física e Mental: O candidato deve possuir aptidão física e mental comprovadas, avaliadas por testes específicos durante o processo seletivo.
- Carteira Nacional de Habilitação (CNH): É necessário possuir CNH categoria B, no mínimo.
- Nacionalidade: O candidato deve ser brasileiro ou, no caso de nacionalidade portuguesa, estar amparado pelo estatuto de igualdade entre brasileiros e portugueses, com reconhecimento de direitos políticos.
- Disponibilidade e Perfil: O candidato deve demonstrar disponibilidade para atuar em operações de alto risco, capacidade de trabalho em equipe e resiliência psicológica para situações de estresse extremo.
Passo a Passo para Ingressar no GPI
- Aprovação no Concurso Público da Polícia Federal: O primeiro passo é ser aprovado em um concurso público para um dos cargos da carreira policial (Agente, Escrivão, Papiloscopista, Delegado ou Perito Criminal). O concurso de 2025, por exemplo, oferece 1.000 vagas com provas previstas para 27 de julho. As etapas incluem prova objetiva, prova discursiva, exame de aptidão física, avaliação psicológica, avaliação médica, investigação social e curso de formação na Academia Nacional de Polícia.
- Atuação como Policial Federal: Após a aprovação e nomeação, o candidato deve atuar como policial federal, adquirindo experiência prática nas funções de investigação, repressão a ilícitos penais ou outras atividades operacionais.
- Inscrição no Processo Seletivo do GPI: O policial federal interessado deve se inscrever no processo seletivo interno do GPI, que é aberto conforme a demanda de cada Superintendência Regional. A inscrição é voluntária e depende de editais internos da Polícia Federal.
- Testes Físicos: O candidato passa por testes de aptidão física que avaliam resistência, força e agilidade, simulando as condições exigentes de operações táticas.
- Avaliações Psicológicas: São realizadas avaliações para verificar a capacidade de lidar com situações de estresse, tomada de decisão sob pressão e trabalho em equipe.
- Entrevista de Perfil: Conduzida pela Corregedoria e pelo Setor de Inteligência da Polícia Federal, essa etapa analisa se o candidato possui as características pessoais e profissionais adequadas.
- Curso de Técnicas de Intervenção (CTI): Os aprovados nas etapas anteriores participam do Curso de Técnicas de Intervenção, ministrado pelo COT em Brasília, com duração de 45 a 60 dias. O curso abrange disciplinas como patrulha urbana e rural, retomada de edificações, combate corpo a corpo, armamento e tiro, operações menos letais, gerenciamento de crises e pronto-socorrismo.
- Reciclagens e Treinamentos Contínuos: Após a aprovação no CTI, o policial passa a integrar o GPI e participa de reciclagens periódicas e treinamentos semanais para manter suas habilidades atualizadas.
Atribuições e Áreas de Atuação
O GPI tem como missão principal atuar em situações emergenciais de médio risco, oferecendo uma resposta imediata e eficaz a delitos que exigem estratégias táticas especializadas. Suas principais atribuições incluem:
- Combate ao Crime Organizado: Participação em operações contra tráfico de drogas, armas, pessoas e lavagem de dinheiro, como nas Operações Lava Jato, Carne Fraca e Spoofing.
- Prisões de Alta Periculosidade: Execução de mandados de prisão em ambientes hostis, como favelas ou áreas rurais.
- Controle de Distúrbios: Gerenciamento de situações de desordem pública, como manifestações que escalam para confrontos.
- Apoio ao COT: Atuação como força de contenção em cenários de alto risco até a chegada do COT.
- Operações Especiais: Patrulhamento marítimo, combate ao tráfico de entorpecentes, contrabando, descaminho e participação em eventos de grande porte, como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
- Parcerias Interinstitucionais: Colaboração com o Ministério Público do Trabalho (MPT) em operações contra o trabalho escravo e com unidades como o Grupo de Resposta Tática (GRT) e o Batalhão de Choque.
Um exemplo de atuação foi a operação contra garimpos clandestinos no Maranhão em 2023, onde o GPI, em conjunto com o COT e o Centro Tático Aéreo, executou mandados de busca e apreensão, destruindo equipamentos usados na extração ilegal de ouro.
Estrutura e Equipamentos
Cada estado brasileiro possui um GPI subordinado à Superintendência Regional da Polícia Federal, com efetivos que variam de acordo com a demanda local. Por exemplo, o GPI do Rio de Janeiro conta com cerca de 16 policiais, enquanto outras unidades podem ter números diferentes.

O grupo utiliza equipamentos de ponta para garantir a eficácia e a segurança de suas operações, incluindo:
- Armamento: Pistolas, fuzis, submetralhadoras, espingardas e armas não letais, adaptadas para diferentes cenários operacionais.
- Equipamentos Táticos: Óculos de visão noturna, drones, coletes balísticos e veículos blindados, que oferecem vantagem tática em operações de alto risco.
- Tecnologia de Comunicação: Rádios Tetrapol, rádios satelitais e internet via satélite, essenciais para coordenação em áreas remotas.
- Veículos Operacionais: Caminhonetes, botes de resgate, jetskis e até helicópteros, dependendo da natureza da missão.
Apesar do uso de tecnologia avançada, o GPI enfrenta desafios relacionados a restrições orçamentárias, que por vezes limitam a aquisição de equipamentos essenciais, como drones e veículos blindados.
Salários Estimados para 2025
Os salários dos policiais federais que integram o GPI são os mesmos das carreiras policiais da Polícia Federal, já que o GPI não é um cargo, mas uma função especializada dentro da instituição. De acordo com informações atualizadas para 2025, os salários iniciais variam conforme o cargo e a classe, com reajustes previstos até 2026, conforme a Lei nº 14.875/2024.
- Agente, Escrivão e Papiloscopista:
- Inicial (Terceira Classe): R$ 14.164,81
- Classe Especial (Final de Carreira): Até R$ 20.940,36
- Delegado e Perito Criminal:
- Inicial (Terceira Classe): R$ 26.800,00
- Classe Especial (Final de Carreira): Até R$ 41.350,00 (previsto para 2026)
- Benefícios Adicionais:
Os valores acima já consideram os reajustes de maio de 2025, com um último ajuste previsto para maio de 2026. A progressão salarial ocorre ao longo da carreira, com base em tempo de serviço e promoções entre as classes (Terceira, Segunda, Primeira e Especial).
Impacto na Segurança Pública
O GPI tem desempenhado um papel crucial na repressão de crimes graves, como corrupção, tráfico de drogas e crimes ambientais, além de garantir a segurança em eventos de grande porte. Sua atuação descentralizada e capacidade de resposta rápida fortalecem a presença da Polícia Federal em todo o país, complementando o trabalho do COT e colaborando com outras forças de segurança.
O Grupamento de Policiamento de Intervenção (GPI) é uma peça essencial no aparato de segurança da Polícia Federal, combinando treinamento rigoroso, equipamentos avançados e uma abordagem tática especializada.
Apesar dos desafios, sua atuação em operações de alto impacto demonstra sua relevância para a segurança pública brasileira. Com salários atrativos, benefícios robustos e um processo seletivo exigente, o GPI atrai policiais federais dedicados a enfrentar os desafios do crime organizado e proteger a sociedade.