As polícias especiais no Brasil desempenham um papel crucial na manutenção da segurança pública, lidando com situações de alta complexidade que exigem treinamento especializado, táticas avançadas e equipamentos específicos.
Diferentemente das forças policiais convencionais, como a Polícia Militar (PM) e a Polícia Civil (PC), que atuam na prevenção e investigação de crimes de forma mais geral, as polícias especiais são unidades de elite destinadas a operações de alto risco, como combate ao crime organizado, resgate de reféns, intervenção em rebeliões prisionais e ações em ambientes hostis.
Veja agora as principais polícias especiais do Brasil, suas funções, estruturas e importância no contexto da segurança pública:
O que são Polícias Especiais?
As polícias especiais, também conhecidas como forças de operações especiais, são unidades altamente treinadas e equipadas para realizar missões que vão além das capacidades das forças policiais regulares. No Brasil, essas unidades estão vinculadas principalmente às Polícias Militares, Polícias Civis, Polícias Penais e, em menor escala, a órgãos federais, como a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal.
Elas são caracterizadas por sua capacidade de atuar em cenários de crise, utilizando táticas não convencionais, armamentos avançados e treinamento rigoroso. Essas forças são frequentemente chamadas para lidar com situações como:
- Combate ao crime organizado: Ações contra facções criminosas em áreas urbanas ou rurais.
- Resgate de reféns: Operações delicadas que exigem negociação e intervenção tática.
- Controle de distúrbios: Intervenção em rebeliões em presídios ou manifestações violentas.
- Operações em áreas de difícil acesso: Como regiões de caatinga, selva ou zonas urbanas conflagradas.
As polícias especiais brasileiras são organizadas em âmbito estadual e federal, com cada unidade adaptada às particularidades de sua jurisdição. Abaixo, detalhamos as principais unidades de operações especiais no Brasil, divididas por instituição e região.
Polícias Especiais nas Polícias Militares
As Polícias Militares (PMs) de cada estado brasileiro possuem unidades de operações especiais que se destacam pelo treinamento intensivo e pela capacidade de atuar em situações de alto risco. A mais conhecida dessas unidades é o Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), presente em vários estados, com destaque para o BOPE do Rio de Janeiro.
1. BOPE – Batalhão de Operações Policiais Especiais
O BOPE é a unidade de elite mais emblemática da Polícia Militar, especialmente no Rio de Janeiro, onde foi criado em 1978. Subordinado diretamente ao Comando de Operações Especiais da PMERJ, o BOPE é especializado em operações em favelas, combate ao crime organizado, resgate de reféns e controle de crises. Sua atuação ganhou notoriedade por meio do livro Elite da Tropa e do filme Tropa de Elite, que retratam suas operações em comunidades dominadas pelo tráfico de drogas.
- Funções principais:
- Incursões em áreas de alto risco, como favelas controladas por facções criminosas.
- Resgate de reféns e operações de retomada e resgate (GRR).
- Atuação com atiradores de precisão (GAP) e grupos de negociação (GNA).
- Uso de veículos blindados, como o “Caveirão”, para operações em ambientes hostis.
- Estrutura:
- No Rio de Janeiro, o BOPE conta com a Unidade de Intervenção Tática (UIT), dividida em grupos especializados: Grupo de Negociação e Análise (GNA), Grupo de Atiradores de Precisão (GAP) e Grupo de Retomada e Resgate (GRR).
- Outros estados, como Acre, Alagoas, Bahia, Paraná, Piauí e Rio Grande do Norte, também possuem seus próprios BOPEs, com estruturas adaptadas às necessidades locais.
- Treinamento:
- O treinamento do BOPE é um dos mais rigorosos do Brasil, incluindo técnicas de combate urbano, sobrevivência em ambientes hostis, tiro de precisão e condicionamento físico extremo. No Rio de Janeiro, o curso de formação tem uma taxa de aprovação de cerca de 20%, refletindo sua exigência.
- Importância:
2. Outras Unidades da Polícia Militar
Além do BOPE, outras unidades especiais das Polícias Militares incluem:
- Companhia Independente de Operações Especiais (CIOE): Presente em estados como Pernambuco (antiga CIOSAC, agora BEPI – Batalhão Especializado de Policiamento do Interior) e Tocantins, essas unidades focam em operações em áreas rurais e urbanas, com ênfase em combate ao crime organizado e operações táticas.
- Companhia Especializada de Operações em Área de Caatinga (CEOPAC): No estado de Sergipe, a CEOPAC é especializada em operações no bioma da caatinga, enfrentando desafios como o terreno árido e a presença de grupos criminosos em áreas remotas.
- Grupamento de Intervenção Tática (GIT): No Rio de Janeiro, o GIT atua em operações penitenciárias, focando na segurança de presídios e controle de rebeliões.
- Batalhão de Radiopatrulha (BPRp) e Grupo de Ações Táticas do Interior (GATI): Em Sergipe, essas unidades complementam o trabalho do BOPE, com foco em patrulhamento tático e ações no interior do estado.
Polícias Especiais nas Polícias Civis
As Polícias Civis, responsáveis pela investigação criminal, também contam com unidades especiais voltadas para operações táticas e repressão a crimes complexos. Essas unidades são geralmente subordinadas às Coordenadorias de Recursos Especiais (CORE) ou equivalentes.
1. CORE – Coordenadoria de Recursos Especiais
A CORE é a principal unidade de operações especiais da Polícia Civil em diversos estados, como Rio de Janeiro, Acre, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Sul. Sua missão é realizar operações de alto risco, como prisões de criminosos perigosos, combate ao crime organizado e resgate de reféns.
- Funções principais:
- Apoio às investigações com operações táticas.
- Prisões de alvos de alto valor, como líderes de facções criminosas.
- Intervenção em situações de crise, como sequestros.
- Estrutura:
- No Rio de Janeiro, a CORE é composta por equipes altamente especializadas, equipadas com armamento pesado e veículos táticos. Em outros estados, como Pernambuco, a CORE atua em conjunto com a Polícia Científica para investigações complexas.
- Treinamento:
- Os policiais da CORE passam por treinamentos intensivos em técnicas de incursão, negociação e uso de armamento especializado. O foco é a precisão e a segurança em operações urbanas.
- Importância:
2. TIGRE – Tático Integrado de Grupos de Resgate Especial
O TIGRE (Tático Integrado de Grupos de Resgate Especial) é uma unidade de elite da Polícia Civil presente em estados como Alagoas e Paraná. Especializada em operações de resgate e repressão, o TIGRE é frequentemente comparado ao BOPE em termos de treinamento e capacidade operacional.
- Funções principais:
- Resgate de reféns e operações de retomada.
- Combate a quadrilhas especializadas em assaltos a bancos e crimes violentos.
- Apoio tático em investigações de grande porte.
- Estrutura:
- No Paraná, o TIGRE é composto por grupos táticos que operam em conjunto com outras unidades da Polícia Civil, como o COPE (Centro de Operações Policiais Especiais).
- Importância:
3. Outras Unidades da Polícia Civil
- Centro de Operações Especiais (COE): Presente em estados como Amazonas, Bahia e Paraná, o COE foca em operações táticas urbanas e combate ao crime organizado.
- Força Especial de Resgate e Assalto (FERA): No Amazonas, a FERA é uma unidade de elite da Polícia Civil voltada para operações em áreas de selva e urbana, com foco em narcotráfico e crimes ambientais.
- Grupo Tático 3 (GT3): Em Goiás, o GT3 é especializado em operações de repressão a crimes violentos, como assaltos e sequestros.
Polícias Especiais nas Polícias Penais
As Polícias Penais, criadas oficialmente pela Emenda Constitucional nº 104 de 2019, também possuem unidades especiais voltadas para a segurança e intervenção em presídios.
1. Grupo de Operações Penitenciárias Especiais (GOPE)
O GOPE, presente em estados como Tocantins, é uma unidade especializada em operações dentro do sistema penitenciário, como controle de rebeliões, escolta de presos perigosos e retomada de unidades prisionais.
- Funções principais:
- Controle de crises em presídios.
- Escolta e transferência de presos de alta periculosidade.
- Treinamento para intervenção em ambientes confinados.
- Importância:
2. Grupamento de Escolta, Remoção e Intervenção Tática (GERIT)
Em Alagoas, o GERIT atua no sistema penitenciário com funções semelhantes ao GOPE, focando em operações táticas e segurança prisional.
Polícias Especiais em Âmbito Federal
No âmbito federal, a Polícia Federal (PF) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) possuem unidades especializadas para operações de alta complexidade.
1. Comando de Operações Táticas (COT) – Polícia Federal
O COT é a unidade de elite da Polícia Federal, criada para lidar com operações de alto risco em âmbito nacional e internacional. Subordinado ao Departamento de Polícia Federal, o COT atua em situações como:
- Funções principais:
- Combate ao terrorismo e ao crime organizado transnacional.
- Resgate de reféns e operações em fronteiras.
- Proteção de autoridades e operações de inteligência.
- Treinamento:
- O treinamento do COT é comparável ao de forças especiais militares, incluindo técnicas de combate, mergulho tático, paraquedismo e operações em ambientes hostis.
- Importância:
2. Grupos de Pronta Intervenção (GPI) – Polícia Rodoviária Federal
A PRF possui os GPIs, unidades especializadas em operações táticas nas rodovias federais. Essas equipes são treinadas para atuar em situações como assaltos a cargas, tráfico de drogas e acidentes graves.
- Funções principais:
- Patrulhamento tático em rodovias.
- Resposta a crimes em andamento, como assaltos a bancos e sequestros.
- Apoio em operações conjuntas com outras forças policiais.
- Importância:
Outras Forças Especiais Relevantes
Além das unidades policiais, o Brasil possui forças especiais vinculadas a outros órgãos, como o Grupo Especializado de Fiscalização (GEF) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). O GEF atua em operações contra crimes ambientais, como desmatamento e tráfico de animais, em áreas de difícil acesso, como a Amazônia.
As polícias especiais do Brasil, como o BOPE, CORE, TIGRE, GOPE e COT, são peças fundamentais no sistema de segurança pública, enfrentando ameaças que vão além das capacidades das forças convencionais. Com treinamento rigoroso e especialização em operações de alto risco, essas unidades garantem a proteção da sociedade em cenários de crise.
A existência dessas unidades reflete a complexidade do combate à criminalidade no Brasil, destacando a importância de forças preparadas para atuar em situações extremas, sempre com respeito aos direitos humanos e à legislação vigente.