Os submarinos Classe Riachuelo representam um marco na modernização da Marinha do Brasil, simbolizando avanços tecnológicos e a busca por autonomia na construção de equipamentos de defesa. Desenvolvidos em parceria com a França, esses submarinos colocam o Brasil em uma posição estratégica no Atlântico Sul.
Este artigo analisa o planejamento, custos, origem do nome, ano de fabricação, missões, tecnologias embarcadas e comparações com submarinos de outras nações.
Planejamento e Desenvolvimento
Contexto do Projeto
O projeto da Classe Riachuelo nasceu como parte do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB), iniciado em 2008. Este programa tem como objetivo modernizar a frota de submarinos da Marinha do Brasil e construir a infraestrutura necessária para a produção local de embarcações militares.
- Parceria Internacional: A Marinha do Brasil firmou um acordo com a empresa francesa Naval Group (antiga DCNS) para a transferência de tecnologia e apoio técnico.
- Construção Nacional: Os submarinos são construídos no estaleiro da Itaguaí Construções Navais (ICN), no Rio de Janeiro, consolidando a capacidade brasileira de produção.
Cronograma
- Início do projeto: 2008.
- Lançamento do primeiro submarino (Riachuelo – S40): 14 de dezembro de 2018.
- Entrega do Riachuelo: Setembro de 2022.
Custos Envolvidos
O PROSUB tem um custo estimado de R$ 36 bilhões, que inclui:
- Construção de Quatro Submarinos Convencionais: Baseados no modelo Scorpène da Naval Group.
- Desenvolvimento do Submarino Nuclear (SN-BR): Uma variante futurista com propulsão nuclear.
- Infraestrutura: Construção do estaleiro e base naval em Itaguaí, garantindo a capacidade nacional de manutenção e produção.
Origem do Nome
O nome Riachuelo homenageia a Batalha Naval do Riachuelo, ocorrida em 11 de junho de 1865, durante a Guerra do Paraguai. Essa batalha é considerada um marco na história militar brasileira, simbolizando coragem e estratégia naval.
Características Técnicas dos Submarinos Classe Riachuelo
Os submarinos da Classe Riachuelo representam um avanço significativo na capacidade de defesa e projeção estratégica do Brasil. Projetados para missões de patrulha, defesa costeira, dissuasão e projeção de poder no Atlântico Sul, eles fazem parte do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB), em parceria com a França. Esses submarinos são baseados no projeto Scorpène, da Naval Group, adaptados às necessidades da Marinha do Brasil, com maior autonomia e capacidade de combate.
Dimensões e Estrutura
- Comprimento: 71,6 metros
- Diâmetro do Casco: 6,2 metros
- Altura Total: Aproximadamente 12 metros (da quilha ao topo do mastro)
- Deslocamento:
- Na superfície: 1.870 toneladas
- Submerso: 2.200 toneladas
- Profundidade Operacional: Estimada em mais de 300 metros
- Tripulação: Capacidade para 35 tripulantes, incluindo oficiais e marinheiros altamente treinados
- Autossuficiência: Capaz de operar por até 70 dias sem necessidade de reabastecimento
A estrutura do submarino é projetada para suportar pressões extremas em grandes profundidades. Seu casco duplo melhora a resistência estrutural e a capacidade de absorção de impactos, garantindo maior sobrevivência em combate.
Propulsão e Desempenho
A Classe Riachuelo utiliza um sistema diesel-elétrico, garantindo alta eficiência energética e reduzida assinatura acústica, essencial para operações furtivas.
- Sistema de propulsão:
- 4 geradores a diesel SEMT Pielstick 12PA4 V200 SM
- Motores elétricos Jeumont Electric, que alimentam um único eixo propulsor de baixa emissão de ruído
- Velocidade Máxima:
- Na superfície: 12 nós (22 km/h)
- Submerso: 20 nós (37 km/h)
- Autonomia:
- 70 dias de operação contínua
- Alcance estimado de 12.000 km navegando em velocidade econômica na superfície
O design do casco e do leme hidrodinâmico contribui para uma navegação ágil e silenciosa, aumentando sua capacidade de evitar detecção por inimigos.

Sistemas de Armas
O submarino Classe Riachuelo está equipado com um arsenal versátil e moderno, permitindo a realização de missões ofensivas e defensivas.
- Tubos de Torpedo:
- Seis tubos de 533 mm capazes de lançar torpedos pesados F21, desenvolvidos pela Naval Group, com alcance de até 50 km e velocidade de 93 km/h
- Mísseis Antinavio:
- Capacidade de lançamento do míssil SM39 Exocet, um míssil de cruzeiro submarino capaz de atingir alvos navais a distâncias superiores a 50 km, voando rente à superfície para evitar detecção
- Minagem Submarina:
- Capacidade para lançamento de minas navais, permitindo operações de bloqueio e defesa estratégica de áreas marítimas
Com esse conjunto de armamentos, o Riachuelo pode atacar embarcações inimigas de forma discreta e eficaz, garantindo superioridade naval em cenários de combate.
Sensores e Eletrônica
Para garantir operações furtivas e máxima eficiência tática, os submarinos da Classe Riachuelo contam com avançados sistemas de detecção, rastreamento e guerra eletrônica.
- Sonar Avançado:
- Sistema de sonar de última geração Thales S-CUBE, que integra sensores passivos e ativos para detecção de embarcações e torpedos a grande distância
- Inclui sonar de casco, sonar de interceptação e sonar de profundidade variável para ampliar a percepção situacional do submarino
- Sistema de Contramedidas:
- Equipado com dispositivos de interferência acústica, iscas eletrônicas e sistemas de engano para evitar detecção por sonares inimigos
- Periscópio Digital de Alta Definição:
- Sensores eletro-ópticos de última geração, que incluem câmeras térmicas e de visão noturna para identificação de alvos sem necessidade de subir à superfície
- Sistemas de Comunicação:
- Comunicação via satélite, VLF (Very Low Frequency) e UHF, permitindo contato discreto com comandos de operações navais
- Capacidade de troca de dados em tempo real com unidades de superfície e bases operacionais
Esses sensores garantem que o submarino possa operar de maneira autônoma e furtiva, monitorando ameaças e alvos com precisão extrema.
Missões dos Submarinos Classe Riachuelo
Os submarinos da Classe Riachuelo desempenham um papel estratégico fundamental na defesa do Brasil, garantindo soberania marítima, dissuasão militar e projeção de poder. Combinando tecnologia de ponta e grande autonomia operacional, esses submarinos são projetados para enfrentar múltiplos cenários, desde operações de patrulha até missões ofensivas em águas profundas.
Defesa da Amazônia Azul
A Amazônia Azul corresponde à zona econômica exclusiva (ZEE) do Brasil, cobrindo aproximadamente 4,5 milhões de km² de oceano Atlântico. Essa área abriga riquezas naturais estratégicas, como petróleo, gás e biodiversidade marinha, sendo crucial para a segurança energética e econômica do país.
Os submarinos Classe Riachuelo são essenciais para:
- Patrulhamento e defesa da ZEE, garantindo que embarcações estrangeiras respeitem as fronteiras marítimas brasileiras
- Proteção de plataformas de petróleo e infraestrutura offshore contra sabotagens, pirataria e ataques hostis
- Monitoramento do tráfego marítimo, impedindo invasões de navios de guerra ou espionagem por nações estrangeiras
- Combate a crimes marítimos, como pesca ilegal, contrabando e narcotráfico
Operando de forma furtiva, os submarinos aumentam a capacidade de dissuasão do Brasil, enviando um recado claro de que suas águas territoriais estão protegidas.
Operações de Vigilância e Inteligência
Os submarinos Classe Riachuelo estão equipados com sistemas avançados de sonar, comunicação e rastreamento, permitindo monitoramento discreto e contínuo de atividades marítimas na região.
- Coleta de inteligência: Capacidade de identificar embarcações inimigas e movimentações militares hostis sem ser detectado
- Monitoramento de frotas estrangeiras: Rastreamento de porta-aviões, destróieres e submarinos de outras marinhas que operam próximo à costa brasileira
- Interceptação de comunicações: Capacidade de captar sinais e transmissões para análise estratégica
- Atuação contra atividades ilícitas: Monitoramento de pesca predatória, tráfico de drogas e contrabando, apoiando operações de segurança marítima
A furtividade do Riachuelo permite que ele opere sem ser notado, tornando-o uma peça-chave na guerra de informações e na proteção das águas nacionais.
Projeção de Força
Os submarinos são capazes de neutralizar ameaças antes mesmo de serem detectados, atuando como elementos dissuasórios contra possíveis agressões ou crises regionais.
- Ataques de precisão: O armamento avançado, incluindo torpedos pesados F21 e mísseis Exocet SM39, permite engajar navios de guerra, submarinos e alvos estratégicos em terra
- Defesa ativa: Caso um conflito naval se inicie, o Riachuelo pode realizar ataques preventivos para impedir avanços inimigos
- Manutenção do equilíbrio de poder: A simples presença de submarinos operando de forma discreta já representa uma ameaça significativa para forças adversárias, desestimulando ações hostis
- Capacidade de emboscada: O Riachuelo pode permanecer oculto em áreas estratégicas, aguardando o momento certo para atacar navios inimigos com ataques surpresa devastadores
Com essa capacidade ofensiva e defensiva, o Brasil aumenta sua autonomia militar, reduzindo dependências externas e garantindo sua soberania em águas profundas.
Treinamento e Cooperação Internacional
Além de seu papel de combate e defesa, os submarinos da Classe Riachuelo desempenham um papel fundamental no treinamento de tripulações e no fortalecimento da presença brasileira em operações internacionais.
- Exercícios militares conjuntos: O Brasil participa regularmente de manobras navais com países aliados, aprimorando táticas de guerra submarina e operações coordenadas
- Intercâmbio de tecnologia e conhecimento: Cooperação com marinhas como a França, Estados Unidos e Reino Unido, aprimorando doutrinas de guerra naval
- Simulações de combate: Treinamentos realistas para capacitar a tripulação e testar a eficácia dos sistemas de armas
- Fortalecimento de alianças estratégicas: A presença de submarinos brasileiros em operações conjuntas fortalece diplomacia militar e projeção global

Comparativos com Submarinos de Outras Nações
Classe Scorpène (França)
- Semelhanças: A Classe Riachuelo é baseada no design Scorpène, mas foi ampliada e adaptada para atender às necessidades brasileiras.
- Diferenças: O Riachuelo tem maior autonomia e deslocamento, além de melhorias nos sistemas de propulsão e sensores.
U212A (Alemanha)
- Propulsão AIP: O U212A utiliza propulsão independente do ar, permitindo maior autonomia submersa.
- Comparativo: Embora tecnologicamente avançado, o U212A é menos versátil em termos de operações de patrulha e projeção de força.
Classe Virginia (EUA)
- Propulsão Nuclear: A Classe Virginia é equipada com reatores nucleares, conferindo autonomia praticamente ilimitada.
- Custo: Significativamente mais caro que a Classe Riachuelo, com custos unitários superiores a US$ 2,5 bilhões.
Impacto no Brasil
Soberania Tecnológica
A transferência de tecnologia fortalece a indústria de defesa brasileira, capacitando o país a desenvolver submarinos de forma independente no futuro.
Defesa Nacional
Com os submarinos da Classe Riachuelo, o Brasil reforça sua capacidade de proteger recursos naturais e interesses estratégicos no Atlântico Sul.
Geração de Empregos
A construção local gerou milhares de empregos diretos e indiretos, impulsionando a economia e a indústria naval.
Os submarinos Classe Riachuelo representam um salto significativo na capacidade naval do Brasil, combinando tecnologia de ponta, autonomia operacional e versatilidade em missões. Desenvolvidos como parte do ambicioso PROSUB, eles destacam o compromisso brasileiro com a defesa de seus territórios e interesses estratégicos.
Comparados a embarcações de outras nações, os submarinos oferecem um excelente equilíbrio entre custo e capacidade, consolidando o Brasil como uma potência naval emergente no Atlântico Sul.