O Exército Brasileiro utiliza pistolas sobretudo como armamento de porte para oficiais, tropa de guarda, unidades de segurança interna, escoltas, pessoal de serviço de base e, em alguns casos, para forças especiais como arma de reserva ou armamento secundário.
Nos últimos anos houve um esforço para modernizar e padronizar parte do material, privilegiando fornecedores nacionais quando possível, mas mantendo abertura para aquisições estrangeiras quando o equipamento demandado exige tecnologia específica.
Este artigo apresenta as principais pistolas historicamente e atualmente associadas ao Exército, detalhes técnicos e utilidades, estimativas de preço de mercado civil, uma tabela comparativa e explicações sobre a preferência por produção nacional e o acesso civil a esses equipamentos.
Principais pistolas em uso (ou historicamente empregadas)
IMBEL MD1 / MD1 GC
A IMBEL (Indústria de Material Bélico do Brasil) desenvolveu a família MD como resposta à necessidade de uma pistola produzida no país. A MD1, em suas versões institucionais, costuma ser oferecida em 9×19 mm e em calibres alternativos para aplicações específicas.

É uma pistola semiautomática de construção robusta, com ferrolho maciço e capacidade de carregador compatível com as exigências operacionais (ex.: 15–17 tiros dependendo da versão). Projetada para uso institucional, a MD1 privilegia durabilidade, facilidade de manutenção e compatibilidade com a logística nacional de peças e assistência técnica.
Detalhes técnicos (tipicamente):
- Calibre: 9×19 mm (versão GC) e variantes.
- Sistema: semiautomática, ação de ferrolho curto.
- Capacidade: geralmente entre 15 e 17 cartuchos (varia conforme modelo).
- Material: armação em aço ou liga resistente; ferrolho maciço.
- Acessórios: versões com trilho para lanterna/mira, dependente da configuração.
Utilidade: arma de porte para oficiais, segurança de instalações, instrução, escoltas e uso administrativo. É a aposta da indústria nacional para reduzir dependência externa.
Preço estimado (varejo brasileiro): faixa aproximada entre R$ 6.000 e R$ 10.000 — varia conforme versão, acabamentos e disponibilidade.
IMBEL MD2 e variantes
A família MD inclui variantes pensadas para diferentes calibres e usos. A MD2, por exemplo, está ligada a versões em .380 ACP (9×17) e outras configurações que privilegiam menor recuo e ergonomia para determinadas funções de guarda e segurança.

Detalhes técnicos (típicos):
- Calibre: .380 ACP (em algumas versões) e variações.
- Capacidade: semelhantes às versões em 9 mm, ajustadas ao calibre.
- Uso: porte institucional, treinamento e uso quando se exige menor recuo.
Preço estimado (varejo): similar à MD1, frequentemente entre R$ 6.000 e R$ 9.000 quando disponível para venda civil.
Taurus PT92 / variantes (presença histórica)
A Taurus PT92 é a versão nacional/portuguesa-brasileira inspirada na Beretta 92. Durante décadas foi uma das pistolas mais comuns entre forças policiais e chegou a estar presente em estoques institucionais. Hoje aparece mais em estoques antigos, em uso secundário e no treinamento, já que muitas unidades passaram por programas de modernização.

Detalhes técnicos:
- Calibre: 9×19 mm.
- Capacidade: tipicamente 17+1.
- Sistema: semiautomática, ação dupla/única em alguns modelos.
- Utilidade: policiamento, uso histórico em forças, treinamentos.
Preço estimado (varejo): R$ 5.000 a R$ 9.000 dependendo da versão e condição.
Glock (G17 / G19) e outros modelos estrangeiros
Unidades especiais e equipes táticas tendem a adotar pistolas com alta modularidade, confiabilidade comprovada e ampla oferta de acessórios — características pelas quais modelos como Glock (G17, G19), SIG Sauer e similares são preferidos. No Brasil, a Glock passou a ter presença institucional via programas de fornecimento e também por aquisições para unidades especializadas.

Em alguns casos, essas armas são compradas “blue label” ou por meio de contratos governamentais; em outros, há produção sob licença ou cooperação industrial.
Detalhes técnicos comuns (ex.: Glock G17):
- Calibre: 9×19 mm.
- Capacidade: 17+1 (G17).
- Sistema: polímero com ferrolho metálico; conhecido por simplicidade e confiabilidade.
- Acessórios: compatibilidade com miras reflex, lanternas, supostos adaptadores e carregadores estendidos.
Preço estimado (varejo): costuma variar entre R$ 9.000 e R$ 15.000 ou mais, dependendo da geração e configuração.
Beretta e outras pistolas importadas
Modelos clássicos como a Beretta 92 marcaram épocas nas forças de vários países e também tiveram presença no Brasil. Hoje sua utilização institucional é mais rara comparada a pistolas mais modernas, mas equipamentos antigos ainda podem constar em estoques e em uso esporádico.

O Exército pode usar apenas armas fabricadas no Brasil?
Não existe uma regra física que impeça o Exército de utilizar armas de origem estrangeira. No entanto, a política de compras das Forças Armadas historicamente privilegia, sempre que possível, a indústria nacional de defesa — por razões de soberania, manutenção de cadeias logísticas internas, transferência de tecnologia e geração de capacidade produtiva própria.
A IMBEL é o órgão estatal responsável por parte da produção de material bélico, e programas de aquisição costumam favorecer fornecedores nacionais ou projetos com cooperação industrial.
Na prática isso significa:
- Há preferência e incentivos para que projetos e aquisições considerem fornecedores brasileiros ou parcerias que permitam produção local.
- Quando a tecnologia específica ou o custo-benefício tornam necessário, o Exército contrata fornecedores estrangeiros ou adquire armamento sob licença de produção local.
- Logo, a regra é: preferência por produção nacional, mas não exclusividade absoluta. Aquisições estrangeiras ocorrem quando justificadas tecnicamente ou logisticamente.
Tabela comparativa dos modelos (resumo prático)
| Modelo | Calibre | Capacidade típica | Uso típico no Exército | Faixa de preço estimada (civil) |
|---|---|---|---|---|
| IMBEL MD1 | 9×19 mm (.380 em variantes) | 15–17 tiros | Porte institucional, instrução, segurança de instalações | R$ 6.000 – R$ 10.000 |
| IMBEL MD2 (var.) | .380 ACP / variantes | 15–17 tiros (var.) | Porte institucional e treinamento | R$ 6.000 – R$ 9.000 |
| Taurus PT92 | 9×19 mm | 17+1 | Uso histórico, estoques antigos, treinamento | R$ 5.000 – R$ 9.000 |
| Glock G17 / G19 | 9×19 mm | 17+1 (G17) / 15–17 (G19) | Unidades especiais, forças táticas | R$ 9.000 – R$ 15.000+ |
| Beretta 92 (histórica) | 9×19 mm | 15–17 | Estoques antigos, uso pontual | Variável, geralmente R$ 8.000+ (usadas/novas) |
Observação: preços são estimativas de mercado civil brasileiro e variam conforme ano, versão, impostos e disponibilidade. Valores institucionais em contratos militares costumam diferir substancialmente.
Civis podem ter acesso a essas pistolas?
A resposta curta é: sim, em muitos casos — mas com regras. No Brasil, civis podem adquirir armamento de “uso permitido” desde que cumpram a legislação aplicável: comprovação de idoneidade, aptidão técnica e psicológica, residência fixa, justificativa quando exigida, registro e demais exigências administrativas. Existem diferenças entre posse (arma mantida no domicílio ou local declarado) e porte (portar a arma em locais públicos), sendo o porte muito mais restrito e condicionado a critérios especiais.
Para mais informações, veja nosso guia completo: Como Tirar Posse e Porte de Arma no Brasil.
Pontos importantes:
- Alguns modelos/calibres podem ser classificados como “uso restrito” (mais comuns em armamento pesado ou sistemas específicos), e nesses casos o acesso civil é vedado ou exige autorizações excepcionais.
- Pistolas comercialmente disponibilizadas pelas fabricantes e lojas que estão catalogadas como “uso permitido” são comercializáveis a civis que atendam aos requisitos legais. Modelos utilizados por forças militares podem coincidir com modelos disponíveis no mercado civil (por exemplo, versões comerciais de Glock).
- Militares, policiais e agentes públicos têm regras próprias para registro e utilização, e frequentemente gozam de regimes diferenciados para aquisição e porte, conforme sua condição funcional.
O Exército Brasileiro combina preocupações de soberania industrial com necessidades operacionais: procura modernizar e padronizar parte de seu material privilegiando fornecedores nacionais (IMBEL e parceiros), mas mantém a abertura a aquisições estrangeiras ou parcerias industriais quando necessário.
As pistolas usadas por oficiais e unidades de segurança tendem a priorizar robustez, manutenção simples e compatibilidade logística. Modelos como a família MD da IMBEL representam o esforço de produção nacional, enquanto Glocks, Berettas e pistolas históricas (como a PT92) mostram a diversidade e a evolução do inventário ao longo do tempo.
Para civis, várias dessas pistolas são acessíveis dentro da lei, desde que cumpridos os requisitos de registro, aptidão e classificação do armamento. Sempre que houver dúvidas sobre a legalidade da compra, procedimentos ou classificação de calibre/uso, o caminho correto é consultar a legislação vigente e os órgãos competentes responsáveis pelo controle e registro de armas.

